terça-feira, outubro 28

    Mel ou açúcar: qual é a melhor escolha para a saúde?

    A escolha entre mel e açúcar para adoçar as refeições é uma dúvida comum. Muitos acreditam que o mel é uma opção mais saudável. No entanto, especialistas afirmam que a resposta não é tão simples.

    Apesar do mel ser considerado um alimento natural e ter um índice glicêmico ligeiramente menor que o açúcar, seus efeitos no metabolismo são muito parecidos. Nutricionistas enfatizam que a moderação é essencial para preservar a saúde.

    As nutricionistas Marcela Arena, Marina Yazigi e a endocrinologista Samille Coelho esclarecem que, embora o mel possa parecer mais saudável, as diferenças, na prática, são mínimas. “O mel pode causar uma resposta glicêmica mais suave, mas isso não significa que seja mais seguro para o metabolismo”, destaca Yazigi.

    Por que o mel é considerado mais saudável?

    A ideia de que o mel é uma opção mais saudável geralmente vem da sua origem natural. Ele é produzido pelas abelhas a partir do néctar das flores. O mel contém glicose, frutose, água e pequenas quantidades de compostos benéficos, como polifenóis e vitaminas.

    Em contraste, o açúcar refinado é praticamente apenas sacarose, extraída da cana, e não possui esses micronutrientes. No entanto, Yazigi alerta que as quantidades de vitaminas e minerais no mel são bastante pequenas e raramente trazem benefícios significativos. Assim, apesar de ser natural, o mel não é uma fonte nutricional relevante.

    Composição e calorias: qual engorda mais?

    O mel é composto por glicose e frutose livres, enquanto o açúcar refinado consiste principalmente em sacarose, um carboidrato que precisa ser digerido antes de ser absorvido. Isso faz com que o mel seja absorvido um pouco mais rapidamente, mas a utilização dos nutrientes é similar.

    A diferença nas calorias entre os dois também não é grande. Por exemplo, 50 gramas de mel fornecem cerca de 162 calorias, enquanto 50 gramas de açúcar refinado têm 197 calorias. Contudo, como uma colher de mel pesando 21 gramas contém cerca de 64 calorias e uma colher de açúcar (12,5 gramas) tem apenas 48 calorias, quem tende a usar mel acaba consumindo mais calorias sem perceber.

    Índice glicêmico: o mel tem vantagem, mas não significativa

    O índice glicêmico (IG) é uma medida que indica quão rapidamente um alimento eleva os níveis de glicose no sangue. A glicose pura, que está presente no açúcar, possui um índice glicêmico alto, causando um aumento rápido de glicemia. Já a frutose, presente no mel, tem IG mais baixo, mas seu consumo em excesso pode prejudicar o fígado. A sacarose, por sua vez, apresenta um efeito intermediário.

    Portanto, o mel possui um índice glicêmico menor, resultando em um aumento mais gradual dos níveis de glicose. No entanto, a endocrinologista Samille Coelho ressalta que isso depende do tipo de mel e da sensibilidade individual, resultando em uma vantagem pouco significativa para o metabolismo.

    Vitaminas, minerais e compostos bioativos

    Embora o mel contenha pequenas quantidades de vitamina C, complexo B, potássio e manganês, ele não proporciona os nutrientes necessários em quantidades relevantes. Marcela Arena reforça que alimentos como frutas, legumes e castanhas são muito mais nutritivos. Mesmo com compostos antioxidantes, o mel não consegue anular os efeitos negativos do consumo exagerado.

    Os riscos do consumo excessivo: mel e açúcar oferecem perigos semelhantes

    O consumo elevado de mel e açúcar pode levar ao aumento da gordura corporal, elevação dos triglicerídeos e maior risco de doenças cardiovasculares. A Organização Mundial da Saúde recomenda que os “açúcares livres”, incluindo o mel, representem menos de 10% das calorias consumidas diariamente, sendo ideal ficar abaixo de 5%.

    Em uma dieta de 2.000 calorias, isso significa um máximo de 25 gramas de açúcares por dia. A orientação é clara: não há diferença nas recomendações para mel e açúcar, e ambos devem ser contabilizados como açúcares livres.

    Quando evitar o mel

    Embora seja um alimento natural, o mel pode causar problemas em algumas situações. As seguintes condições são particularidades que requerem atenção:

    1. Diabetes descompensado: O mel pode elevar rapidamente os níveis de glicose no sangue.
    2. Crianças menores de 1 ano: Existe um risco de botulismo infantil.
    3. Dietas com controle rigoroso de glicose: O uso do mel deve ser evitado.

    Além disso, pessoas com pré-diabetes, fígado gorduroso, sobrepeso ou resistência à insulina também devem ter cuidado ao consumir mel.

    Curiosidades: como treinar o paladar doce

    É possível ajustar o paladar para reduzir o consumo de açúcar e mel. De acordo com a nutricionista Arena, ao diminuir progressivamente o uso desses adoçantes, os receptores gustativos se tornam mais sensíveis, fazendo com que o sabor doce natural dos alimentos se destaque.

    Algumas estratégias úteis incluem:

    1. Usar frutas maduras ou especiarias como canela e baunilha em vez de açúcar ou mel.
    2. Reduzir gradualmente o uso de adoçantes em receitas.
    3. Evitar bebidas adoçadas e alimentos ultraprocessados.

    Com o tempo, o paladar se adapta, e o gosto por opções muito doces pode se tornar menos desejável, facilitando uma alimentação mais equilibrada.

    Conclusão: mel ou açúcar?

    Ao final, tanto o mel quanto o açúcar têm seus desafios e não são opções totalmente saudáveis. Ambos proporcionam energia rápida, e o segredo está no equilíbrio. A melhor abordagem é consumir pequenas quantidades, preferindo combiná-los com alimentos naturais, como frutas e cereais.

    Portanto, a estratégia eficaz é não apenas trocar adoçantes, mas buscar adoçar menos em geral. Essa mudança pode contribuir significativamente para melhorar a saúde e o bem-estar.

    Renato Dias

    Jornalista, empreendedor e fundador do OiEmpreendedores.com.br, onde atua como escritor e editor-chefe. Une sua experiência em comunicação e visão empreendedora para levar conteúdo relevante ao público.