domingo, novembro 9

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    09/11/2025 às 15:55

    Sistema que substitui argamassa por estrutura interna de concreto promete agilidade, mas falta de preparo profissional pode anular economia e gerar prejuízos.

    Construir uma casa de forma rápida e fácil, como montar um brinquedo, atrai o interesse dos brasileiros há muito tempo. Os chamados “tijolos ecológicos” ou blocos modulares de encaixe, conhecidos como “tipo Lego”, prometem obras limpas e ágeis. Porém, essa simplicidade tem um desafio: o sucesso do sistema depende muito da qualificação da mão de obra.

    Ao contrário da alvenaria tradicional, que corrige falhas com camadas de massa, o sistema modular não perdoa erros. Embora muitos blocos sejam classificados como “sem função estrutural”, eles servem como formas para a estrutura da casa. Uma equipe que não manuseia essas peças com precisão pode transformar um projeto promissor em uma dor de cabeça.

    O paradoxo da economia: por que custa menos?

    Uma dúvida comum entre os que pretendem construir é como um bloco, que muitas vezes custa mais que o tijolo cerâmico tradicional, pode resultar em economia de até 45%. A resposta está não no preço do material, mas na eliminação de etapas na construção civil.

    Estudos e análises de viabilidade econômica mostram que essa redução de custo ocorre no “metro quadrado acabado”. A economia surge porque o sistema elimina o uso de madeira para caixarias, dispensa chapisco e reboco grosso, além de reduzir a quantidade de entulho. O bloco já vem com acabamento, precisando apenas de um impermeabilizante ou uma fina camada de gesso.

    A verdade estrutural: o mito da “obra sem argamassa”

    É verdade que o sistema não precisa de “argamassa de assentamento” entre os blocos. No entanto, afirmar que é uma “obra seca” pode enganar. A verdadeira estrutura da edificação é feita de concreto armado, que fica escondido nas paredes.

    Conforme explicado por especialistas, a resistência não vem do encaixe dos blocos, mas sim do graute, um microconcreto fluido, e de vergalhões de aço inseridos nos furos verticais dos tijolos. Estes formam “microcolunas” internas, conectadas por cintas horizontais de concreto. Ou seja, a obra utiliza cimento, areia e brita, mas de maneira mais eficiente e estruturada, e não apenas para colar os tijolos.

    O fator humano: a fragilidade do encaixe

    Um dos principais problemas do sistema é a fragilidade logística, muitas vezes ignorada nas vendas. Construtores e ex-fabricantes comentam que as partes que permitem o encaixe “macho-fêmea” quebram facilmente durante o transporte e o manuseio. Quando isso acontece, a peça perde sua função de alinhamento, afetando a estética da parede e podendo gerar desperdício, aumentando os custos.

    Aqui, a mão de obra qualificada se torna essencial. Uma equipe sem experiência pode ter um alto índice de quebras e retrabalho, eliminando a velocidade e a economia que o sistema prometia. Portanto, ter profissionais bem treinados pode fazer toda a diferença no sucesso da obra.

    Construir sua casa é um sonho. Mas você estaria disposto a confiar nessa nova metodologia ou prefere o método tradicional? Você já passou por alguma experiência com essa forma de construção? Compartilhe sua opinião nos comentários abaixo.

    Renato Dias

    Jornalista, empreendedor e fundador do OiEmpreendedores.com.br, onde atua como escritor e editor-chefe. Une sua experiência em comunicação e visão empreendedora para levar conteúdo relevante ao público.