sexta-feira, outubro 24

    Fundos Imobiliários: O Que Você Precisa Saber sobre Esse Tipo de Investimento

    Os Fundos Imobiliários (FIIs) têm atraído a atenção de muitos brasileiros. Para muitos, eles representam uma maneira de ter uma renda passiva, com a vantagem de não pagar Imposto de Renda sobre os rendimentos e receber um “aluguel” todo mês. Desde 2014, o número de cotistas aumentou de 93 mil para mais de 2,5 milhões.

    No entanto, essa popularidade esconde uma realidade importante. O índice IFIX, que mede o desempenho dos FIIs no longo prazo, ficou muito abaixo do CDI, um índice de renda fixa com menor risco.

    Neste artigo, vamos esclarecer a situação dos FIIs e discutir para quem eles realmente são indicados. Você deve refletir se está na fase de acumulação de patrimônio ou se já está usufruindo dele. Essa resposta pode influenciar se a escolha pelos FIIs é benéfica ou não.

    A História dos Fundos Imobiliários

    O mercado de Fundos Imobiliários não é uma novidade. Ele foi criado em 1993 e passou os primeiros anos focado em investidores institucionais, como bancos e fundos de pensão. Apenas em 1999 foi lançado o primeiro fundo destinado ao público em geral, mas o mercado ainda era pequeno.

    A virada na popularidade ocorreu em 2005, quando a lei nº 11.196 isentou pessoas físicas do Imposto de Renda sobre os rendimentos dos FIIs. A aceleração desse crescimento se deu principalmente após 2017, quando a taxa Selic começou a cair.

    A queda drástica dos juros em 2020 fez com que investimentos mais conservadores, como a poupança, perdessem atratividade. Como resultado, a isenção de imposto e os dividendos mensais dos FIIs atraíram muitos investidores, aumentando o número de cotistas de 200 mil para 1,1 milhão em três anos.

    O Desempenho do IFIX

    Embora os FIIs sejam populares, a análise de retornos totais revela um cenário que merece atenção. O IFIX mede o retorno global da classe, juntando a valorização das cotas com os dividendos.

    Quando comparamos o IFIX com o CDI, a situação se torna preocupante. Desde a sua criação em 2012, o IFIX acumulou um retorno de apenas 135,32%. Em contraste, o CDI teve um desempenho muito superior, acumulando 228,17%. Isso resulta em um custo de oportunidade de quase 93% para quem escolheu os FIIs em vez da renda fixa.

    Apenas no final de 2019, o IFIX superou o CDI, atingindo 112,61%, enquanto o CDI ficou em 95,85%. Isso indica que o investidor precisaria manter os FIIs por quase sete anos para ver um retorno superior ao CDI.

    Esse céu claro aconteceu após a queda da Selic, levando muitos investidores a migrarem de renda fixa para renda variável, incluindo os FIIs.

    Os Desafios em Proteger o Poder de Compra

    Nos últimos cinco anos, a situação se complicou ainda mais devido ao aumento dos juros e da inflação. O objetivo de todo investimento deveria ser, pelo menos, preservar o poder de compra. No entanto, o IFIX não conseguiu cumprir essa função.

    A inflação acumulada foi de 36,31%, enquanto o retorno total do IFIX ficou apenas em 27,48%. Em comparação, a renda fixa superou com uma taxa de 63,40%. Esta diferença mostra como os FIIs têm se mostrado frágeis em períodos de alta volatilidade e juros elevados, sendo ineficazes na multiplicação do capital e na proteção contra a inflação.

    FIIs e o Perfil do Investidor: Para Quem Eles Servem?

    É essencial entender se os FIIs se alinham aos seus objetivos financeiros e à sua fase de vida. O foco excessivo no dividendo isento pode desviar a atenção do retorno total no longo prazo.

    Fase de Acumulação

    Para quem está em fase de acumulação, o principal objetivo é multiplicar o patrimônio. Nesse estágio, os FIIs não são a escolha ideal. O investidor deve se focar em ativos com maior potencial de crescimento, como ações e ETFs, que historicamente mostram melhores retornos. O volume de dividendos isentos não compensa o desempenho inferior dos FIIs.

    Fase de Usufruto

    Para quem já acumulou capital e busca viver da renda gerada, os FIIs podem ser vantajosos. Eles oferecem um fluxo de caixa mensal que é isento de impostos, sendo útil para complementar a renda. Além disso, apesar da volatilidade, os FIIs podem ajudar a preservar o poder de compra no longo prazo, funcionando como uma forma de diversificação com outros investimentos.

    Alternativas mais Estratégicas

    Se você está em fase de acumulação, é fundamental ficar atento ao desempenho do IFIX em comparação ao CDI e à inflação. Priorizar rendimentos passivos pode ser um erro no longo prazo. Para quem busca maximizar o retorno e acelerar a multiplicação do capital, existem outras classes de ativos que podem ser mais eficientes.

    1. Ações: Ao contrário dos FIIs, as empresas de crescimento reinvestem seus lucros, o que proporciona um potencial maior de ganho no longo prazo. Em fundos de ações, os gestores reinvestem os dividendos, aumentando as chances de valorização e superando o rendimento dos FIIs.

    2. ETFs de Renda Variável Global: Para diversificação, os ETFs com foco na bolsa americana e ativos como ouro podem oferecer uma exposição a mercados mais dinâmicos e, historicamente, performam melhor que o mercado brasileiro.

    3. Renda Fixa Pós-fixada (CDI): Em um contexto de juros altos, os investimentos atrelados ao CDI, como CDBs e fundos de renda fixa, têm mostrado resultados superiores aos FIIs.

    4. Renda Fixa Pré-fixada: Quando os juros começam a cair, os títulos pré-fixados podem ser atrativos para travar taxas de retorno mais altas.

    5. Fundos Multimercados: Para quem deseja uma gestão ativa e diversificada, esses fundos são uma opção flexível, permitindo que os gestores operem entre diferentes ativos para buscar retornos melhores que o CDI.

    Conclusão

    A principal lição sobre os Fundos Imobiliários é que a decisão deve ser baseada em suas necessidades e fase de vida. Para quem está em fase de acumulação, a escolha dos FIIs pode resultar em perdas na rentabilidade.

    As eleições de 2026 estão se aproximando, e as condições econômicas podem afetar ainda mais os FIIs, dificultando sua inclusão na carteira nesse contexto.

    Somente na fase de usufruto os FIIs se tornam um instrumento para gerar renda isenta, focando na superação da inflação. Mantenha sempre em mente que a rentabilidade futura dos FIIs dependerá de variáveis econômicas. Portanto, ajuste sua carteira de investimentos conforme necessário para o seu momento de vida.

    Renato Dias

    Jornalista, empreendedor e fundador do OiEmpreendedores.com.br, onde atua como escritor e editor-chefe. Une sua experiência em comunicação e visão empreendedora para levar conteúdo relevante ao público.